Uma aliança estratégica que promete transformar viagens e relações internacionais.
Imagem/ Instagram do presidente 

Em um giro inesperado na diplomacia sul-americana, o presidente argentino Javier Milei está pavimentando o caminho para uma mudança histórica: permitir que seus compatriotas explorem os Estados Unidos sem a barreira de um visto. A notícia ganhou força nesta segunda-feira, 28 de julho de 2025, quando a Secretária de Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem, desembarcou em Buenos Aires para selar um acordo preliminar na Casa Rosada, ao lado do chanceler Gerardo Werthein e da ministra da Segurança, Patricia Bullrich. Essa iniciativa, que pode levar até três anos para se concretizar, não é apenas uma facilidade para viajantes, mas um símbolo da crescente proximidade entre Milei e o governo de Donald Trump, reeleito em 2024. Mas o que está por trás dessa negociação e o que ela significa para a Argentina? Vamos mergulhar nos detalhes dessa trama internacional.

A proposta remonta a uma era distante, quando a Argentina, sob o comando de Carlos Menem nos anos 1990, desfrutava do privilégio de fazer parte do Programa de Isenção de Vistos (Visa Waiver Program) dos EUA. Naquele tempo, os argentinos podiam visitar o país norte-americano por até 90 dias sem complicações burocráticas. A exclusão veio em 2002, no auge da crise econômica que abalou a nação, levando o governo americano a reavaliar a inclusão do país no programa. Agora, com Milei no poder, conhecido por sua visão libertária e alinhamento com a direita global, a Argentina busca recuperar esse status perdido. O documento assinado nesta semana é apenas o primeiro passo, mas já acende uma chama de esperança entre os cidadãos.

O processo para integrar o programa exige um esforço conjunto. Os Estados Unidos impõem critérios rígidos, como manter uma taxa de permanência ilegal (overstay) abaixo de 3% e garantir a repatriação ágil de cidadãos com ordens de expulsão. Dados recentes apontam que a Argentina, sob a gestão de Milei, conseguiu reduzir significativamente os casos de overstays, alcançando o menor índice entre os países latino-americanos. Além disso, o fluxo de argentinos rumo aos EUA cresceu 25% nos primeiros quatro meses de 2025, um salto que chamou a atenção de Washington. Esses números são a base do otimismo de Noem, que elogiou a “liderança transformadora” de Milei durante a visita.

Para os argentinos, a mudança seria um alívio. Atualmente, o processo de solicitação de visto americano custa cerca de US$ 185, envolve entrevistas e pode levar semanas ou meses, dependendo da demanda. Com o acordo, a entrada seria simplificada por meio de uma autorização eletrônica (ESTA), a um custo estimado de US$ 21, ideal para quem planeja férias, reuniões de negócios ou visitas a familiares. Essa facilidade pode aquecer o setor de turismo outbound, beneficiando empresas aéreas e agências de viagem argentinas, além de abrir novas oportunidades de intercâmbio cultural. Imagine os jovens de Buenos Aires planejando uma viagem a Nova York ou Los Angeles sem o estresse da papelada!

Economicamente, a medida tem potencial para ser um divisor de águas. A Argentina, que ainda luta para se reerguer após anos de instabilidade, pode ver um aumento na circulação de divisas com o crescimento do turismo e dos contatos comerciais. Milei, que aposta em uma economia de mercado livre, vê nisso uma chance de atrair investidores estrangeiros e fortalecer laços com os EUA. No entanto, a jogada não é isenta de riscos. Analistas apontam que o alinhamento com Washington, especialmente em um momento de tensões com outras potências como a China, pode gerar fricções diplomáticas. O governo argentino terá de equilibrar esses interesses para não comprometer parcerias existentes.

A química entre Milei e Trump é o motor invisível dessa negociação. Desde a reeleição do americano, os dois líderes cultivam uma relação baseada em valores conservadores e rejeição ao que chamam de “agenda progressista”. Milei, que já visitou Mar-a-Lago e presenteou Elon Musk com uma motosserra simbólica em um evento conservador, transformou essa aliança em uma vitrine política. A visita de Noem, a terceira de um membro do gabinete de Trump a Buenos Aires em 2025, reforça essa narrativa de parceria estratégica. Para Milei, o sucesso do acordo pode consolidar sua imagem como um reformador global, enquanto Trump vê nisso uma oportunidade de expandir sua influência na América Latina.

O cronograma é ambicioso. Autoridades argentinas esperam que o programa esteja operacional a tempo da Copa do Mundo de 2026, que será sediada nos EUA, Canadá e México. Para isso, o país precisará implementar controles migratórios mais rigorosos, incluindo passaportes eletrônicos e sistemas biométricos, além de intensificar a troca de informações com os americanos. O governo promete que essas medidas garantirão que apenas viajantes legítimos se beneficiem do programa, evitando abusos que poderiam comprometer o acordo.

Enquanto as negociações avançam, os argentinos acompanham com expectativa. Para muitos, a perspectiva de viajar aos EUA sem visto é mais do que uma conveniência — é um símbolo de recuperação e abertura ao mundo. Para Milei, é uma prova de que suas políticas estão rendendo frutos além das fronteiras. Resta saber se a promessa se concretizará e como ela moldará o futuro da Argentina no cenário internacional. Até lá, as malas já começam a ser arrumadas, e os olhos se voltam para o horizonte de oportunidades que se desenha.