Captura marca desfecho de caso que abalou a política brasileira

Foto: internet 

Nesta terça-feira, 29 de julho de 2025, a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa na Itália, encerrando semanas de incerteza sobre seu paradeiro. A captura, confirmada hoje pelo Ministério da Justiça do Brasil, ocorreu em um apartamento em Roma, após informações fornecidas pelo deputado italiano Angelo Bonelli, que alertou as autoridades locais sobre a localização da parlamentar. Zambelli, foragida desde o início de junho, fugiu do Brasil para evitar cumprir uma pena de 10 anos de prisão imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A notícia reverbera no Brasil e na Itália, reacendendo debates sobre justiça, extradição e política internacional. Mas o que levou a essa prisão, e o que acontece agora? Vamos analisar os detalhes desse desfecho surpreendente.

A prisão de Zambelli é o culminar de uma sequência de eventos que começou no início de junho, quando o STF a condenou por crimes de invasão qualificada de sistema informático e falsidade ideológica. A parlamentar, que também possui cidadania italiana, deixou o Brasil alegando motivos de saúde, mas a Justiça brasileira viu na saída uma tentativa de escapar da execução da pena. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, determinou sua prisão preventiva e incluiu seu nome na lista de difusão vermelha da Interpol, permitindo a cooperação internacional para sua captura. Após cruzar a fronteira com a Argentina e passar pelos Estados Unidos, ela se refugiou na Itália, confiando que sua dupla nacionalidade a protegeria de uma extradição. Hoje, porém, essa estratégia ruiu.

O momento exato da prisão foi marcado por uma ação coordenada entre a polícia italiana e a embaixada brasileira. Bonelli, do Partido Verde italiano, postou em suas redes sociais que localizou Zambelli em um endereço em Roma e repassou a informação às autoridades, que agiram rapidamente. O Ministério da Justiça brasileiro confirmou a detenção hoje, destacando que a operação foi possível graças à colaboração entre os dois países. Renato Mosca, embaixador brasileiro na Itália, já havia sinalizado que a captura era iminente, mas a falta de um mandado de busca limitava as ações a locais públicos. A revelação do endereço mudou o jogo, permitindo a entrada no apartamento onde a deputada estava escondida.

Zambelli enfrentava acusações graves. Em maio, a Primeira Turma do STF a condenou por orquestrar, ao lado do hacker Walter Delgatti Neto, a inserção de dados falsos no sistema do CNJ, incluindo um mandado de prisão fraudulento contra Moraes. A pena de 10 anos, somada à perda do mandato e inelegibilidade por oito anos, a colocou na mira da Justiça. Sua defesa alegou perseguição política e buscou apoio na Itália, onde aliados como Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro e líder da Liga, foram contatados por figuras como Flávio Bolsonaro. Apesar disso, as autoridades italianas avançaram com o processo, e hoje a prisão sinaliza que a dupla nacionalidade não foi suficiente para blindá-la.

O caso agora entra em uma nova fase: a extradição. De acordo com o tratado entre Brasil e Itália, a entrega de nacionais é facultativa, dependendo da análise da Justiça italiana. Zambelli pode permanecer presa na Itália enquanto o pedido de extradição é avaliado, um processo que especialistas estimam levar meses. Seu advogado, Fábio Pagnozzi, já indicou que a defesa vai recorrer, argumentando violações processuais e condições carcerárias no Brasil. A parlamentar, que se declarava “exilada política” em vídeos recentes, agora enfrenta um cenário onde sua estratégia de protelar a pena pode colapsar. O governo brasileiro, por meio do Ministério da Justiça, reforçou que trabalha para trazê-la de volta o quanto antes.

A reação no Brasil foi imediata. Nas redes sociais, a notícia gerou um misto de celebração entre apoiadores da Justiça e críticas de aliados de Zambelli, que a veem como vítima de um sistema político. A Câmara dos Deputados, que havia bloqueado seus rendimentos, pode agora formalizar a perda do mandato, dependendo do andamento do caso. No exterior, a prisão reforça a imagem de cooperação internacional contra crimes transnacionais, mas também levanta questões sobre a influência política no processo. O governo italiano, liderado por Giorgia Meloni, enfrenta pressão da oposição para evitar favoritismos, dado o alinhamento ideológico de Zambelli com a direita local.

O impacto vai além da política. A captura expõe vulnerabilidades na fuga de foragidos que apostam em cidadania estrangeira, um recurso usado por outros brasileiros no passado, como Henrique Pizzolato, do caso Mensalão. Analistas apontam que o caso pode servir de precedente para endurecer a aplicação de tratados de extradição. Para a sociedade brasileira, a prisão é vista como um teste à eficácia da Justiça em punir crimes de alta relevância, especialmente aqueles ligados a figuras públicas. Hoje, às 17:15 -03, a notícia domina os noticiários, com a expectativa voltada para os próximos passos na Itália.

Enquanto isso, a vida de Zambelli na Itália era marcada por reclusão, segundo seu advogado, que relatou dificuldades financeiras e de saúde. A prisão põe fim a essa fase, mas abre um capítulo de incertezas jurídicas. A defesa pode tentar cumprir a pena na Itália ou negociar condições, mas a pressão brasileira por uma extradição rápida deve intensificar o debate. Para muitos, a captura simboliza a extensão do braço da lei além-fronteiras; para outros, um exemplo de perseguição política travestida de justiça. Com a bola agora nas mãos da Justiça italiana, o desfecho desse caso promete seguir em destaque nas próximas semanas.