Medida reflete tensões políticas e econômicas entre os dois países

Imagem/ Instagram do presidente 

Nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, intensificando uma crise diplomática e comercial entre os dois países. A medida, anunciada oficialmente pela Casa Branca às 15h (horário de Brasília), entra em vigor em sete dias e foi justificada como resposta a uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional, política externa e economia dos EUA. A decisão cita ações do governo brasileiro, incluindo o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e supostas violações à liberdade de expressão de empresas americanas. Mas quais são os impactos dessa tarifa e como o Brasil planeja reagir? Vamos detalhar.

A ordem executiva, baseada na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional de 1977, eleva em 40% a tarifa existente, totalizando 50% sobre todas as exportações brasileiras aos EUA. O texto da Casa Branca acusa o Brasil de práticas que prejudicam empresas americanas, como ordens de censura emitidas pelo STF contra plataformas digitais, e aponta o processo contra Bolsonaro como uma “perseguição politicamente motivada”. Trump nomeou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, sancionado hoje pela Lei Magnitsky, como responsável por abusos que afetam cidadãos e empresas dos EUA. A medida também revogou vistos de Moraes, seus aliados no STF e familiares, reforçando a escalada das tensões.

O impacto econômico é imediato. Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com cerca de US$ 80 bilhões em trocas anuais. Produtos como carne bovina, café, suco de laranja e aeronaves da Embraer estão na mira, embora exceções como petróleo e metais ainda sejam incertas. Analistas estimam que a tarifa pode reduzir as exportações brasileiras em até 12%, afetando setores como o agronegócio e a indústria. O dólar subiu 0,7% hoje, fechando a R$ 5,58, enquanto o Ibovespa caiu 1,5%, refletindo o nervosismo do mercado. Exportadores já buscam redirecionar produtos para a China e a Ásia, mas a transição pode levar meses.

O governo brasileiro reagiu com firmeza. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião de emergência às 17h com ministros para discutir contramedidas, baseadas na Lei da Reciprocidade Econômica (15.122/25), que permite retaliações tarifárias e diplomáticas. O chanceler Mauro Vieira classificou a tarifa como “chantagem” e prometeu levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC). Parlamentares da base, como Randolfe Rodrigues (PT-AP), defenderam a soberania nacional, enquanto a oposição, liderada por Eduardo Girão (Novo-CE), culpou o STF e o governo Lula pela crise. Manifestações pró e contra a medida já ocorrem em Brasília.

A motivação política é central. Trump, em carta anterior a Lula em 9 de julho, chamou o julgamento de Bolsonaro de “vergonha internacional” e criticou ações do STF contra plataformas como X e Meta. A sanção a Moraes pela Lei Magnitsky, anunciada hoje, reforça a narrativa de Trump de proteger aliados e combater censura. Eduardo Bolsonaro celebrou a tarifa como “justiça”, enquanto o Planalto acusa os EUA de interferência. Juristas como Oscar Vilhena Vieira veem a medida como ilegal sob normas internacionais, mas eficaz como pressão política.

No Congresso, a reação é polarizada. A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado planeja uma missão a Washington, enquanto a Câmara discute uma CPI para investigar o impacto econômico. O setor privado, representado pela CNI, alertou para perdas de empregos e pediu diálogo. Empresas como a Embraer já avaliam parcerias nos EUA para contornar a tarifa, enquanto produtores rurais temem queda na demanda. A balança comercial, que mostra superávit dos EUA há 16 anos (US$ 90 bilhões desde 2009), contradiz a alegação de Trump de déficit, alimentando debates sobre a legitimidade da medida.

Internacionalmente, a tarifa gera reações mistas. A OEA pediu esclarecimentos, enquanto a União Europeia monitora o caso. A China, maior parceiro do Brasil, sinalizou interesse em absorver excedentes, mas analistas como Oliver Stuenkel alertam para riscos de dependência asiática. Nos EUA, republicanos apoiam Trump, mas economistas como Paul Krugman criticaram a medida como “maligna”, sugerindo impactos negativos para a economia americana. A Casa Branca, porém, insiste que a tarifa protege a “liberdade de expressão” e os interesses nacionais.

O futuro é incerto. O Brasil pode retaliar com tarifas simétricas ou recorrer à OMC, mas negociações de última hora não estão descartadas. Lula prometeu não ceder a “ordens de gringos”, enquanto Trump sinalizou ajustes se o Brasil abrir mercados. Nas redes, hashtags como #TarifaTrump e #SoberaniaBrasil dominam, com apoio bolsonarista e críticas ao governo. Em São Paulo, um protesto contra a tarifa está marcado para amanhã, indicando escalada social. A crise pode redefinir as relações bilaterais, com efeitos que vão além do comércio.